sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Aos mendigos, aos cheira cola, aos renegados, as prostitutas baratas.
Aos depressivos, aos ladrões, aos abandonados, aos idiotas.
Aos encarcerados, soro positivos, aos viciados, aos miseráveis.
Aos que passam fome, aos que não sabem ler, aos que não amam.
Aos impostores, aos políticos, aos mesquinhos, aos mentirosos.
Aos humilhados, reprimidos, incompreendidos, desafortunados.
Aos escrotos, aos arrogantes, aos estúpidos, aos ridículos.
Aos maltrapilhos, aos sujos, aos que catam lixo, aos indigentes.
Aos que sofrem e aos que fazem sofrer.
Aos frustrados e aos que destroem sonhos.
Aos que inventaram, aos que compraram, e principalmente
aos que mataram o papai Noel.

Feliz Natal.

  

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que tu precisas.



Bonita, o que tu precisa é de um cheiro meu
e o cheiro do meu cobertor enrolado no teu,
meus dedos fazendo carinho pra te ver dormir
e dessas poesias que fiz só pra te ver sorrir.
Das minhas canções de ninar,
do meu jeito de esquecer a hora
se estou junto a ti,
do meu universo teu
e que teu amor seja meu, Bonita.
Eu sei que em todos os dias
precisas de alguém pra falar
das dores e doces da vida,
teus assuntos um por um...
precisas vir conversar
com o peito mais apaixonado
do nordeste ao sul.
Quero te dar mil beijos com gosto flor
sem te negar que isso talvez seja amor.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ódio









Eu vou tomar o meu café amargo
pra me lembrar daquela criatura
que me alimenta um sentimento largo
de desengano que não se atura

e se encontrar aquele condenado
ao ódio meu que no calor apura
eu miro o rosto e dou-lhe supapo
que nem a virgem mãe de Deus segura

De beber cólera me ponho ébrio
talvez a ingrata solidão me cure
e me afaste desse ponto néscio
onde ninguém pode achar-se impune

e se a raiva permanece atada
desmantelando esse sujeito puro
enfio faca no umbigo do ego
e se o ódio não morrer eu cego

O gosto é de sangue pisado
O olho de brilho encarnado
Um punho cerrado mira um Zé.

Ardor de dedo cortado
em prata de escapulário
e o ódio escorrendo pela fé.



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O corpo.




Meu corpo é um templo pagão onde mora um paraíso
com curvas secretas e setas que indicam alguns riscos
que em luxuriosa meiguice exibe seu lado narciso
e numa preguiça ofídia tem um lânguido sorriso

O cobre um veludo escuro como o mistério noturno
o ventre contorce agudo em seus espasmos soturnos
as mãos procuram as texturas mais proibidas do outro
e o colo procura o encaixe no feixe de um tímido gozo

O sangue é rubro e quente como o sêmem do vulcão
e desemboca em veias que o leva ao coração
que pulsa involuntário dominado por paixão
e sempre mente se responde – Me amas? - Não.

Não vou deixar você me ver chorar




Hoje eu não vou chorar
eu não vou lembrar da minha dor
quero mais cair no samba
fazer o meu suor virar vapor

eu não vou nem pensar
em como é ruim ficar sozinho
pode ser que até sem mágoa
um dia você vem dançar comigo

Vou me embriagar de sonho sem pudor
vou cantar uma canção em tom maior
e se meu corpo inteiro reclamar por ti
não vou deixar você me ver chorar

o azedo e do doce do sumo da acerola
lembra o gosto do teu beijo
a simples lembrança discreta do teu cheiro
faz despertar meu desejo
minhas mãos se completam no teu corpo
minha boca sente falta do teu gosto
e meu coração insiste em reclamar,
mas não vou deixar você me ver chorar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Inflexo

O meu templo é o mundo,

minha oração é a poesia, 

meu espírito é minha voz,

minha alma é minha memória,

meu milagre é a vida, 

minha missão é a arte, 

o meu Deus é o amor 

e minha religião sou eu mesmo.

Funil do ego.

Eu não quero ser exemplo nem guiar ninguém
     Não preciso ser o sal da minha geração
         Eu nunca tive vocação pra eunuco
              subtraia essa frustração inata
               meu sonho inconseqüente é
                  poder ser somente isso
                      até o fim de tudo
                           sem leveza
                             ou peso.
                               só eu
                                 só.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não.

Não importa a via, eu continuo caminhando
Ando por saber que ninguém vai me socorrer
Correr à minha sorte será minha armadura
Dura como a morte da rigidez do ferro
Erro pois não sei qual é o quê de meu intento
Tento não lembrar de uma prisão premeditada
Ditada pra fazer com o asco em mim transborde
e borde em trapos velhos um intransigente: Não.

domingo, 7 de novembro de 2010

Vai me amando.

Vai me amando devagar, sem obrigação, sem peso
sem saber se é amar essa cócega no peito

Vai me amando sem pensar e sem ter que explicar
como quem gasta seu tempo se arriscando calcular
o tempo que a lua passa pra minguar

Vai me amando sem saber ou quem sabe sem querer
sem ter que resolver o que vai ou não vai ser

Vai me amando por amar, sem sofrer ou se importar
em mudar, em chorar, pensar no que falar

Vai me amando irresposável mesmo, inconsequente
se entregando sem ter nada em mente
me sorvendo num beijo dolente, demente.

Vai me amando sem pedir licença, sem desculpas
sem nove horas, meia volta, etiquetas

Vai me amando simples, levemente e absurdo
Como uma aquarela cega ou um canto surdo

Vai me amando assim amada, amando mais
e amando amar o amor sem nem lembrar dos ais

Vai me a amando e ponto. Sem precisar de rima
de motivo, de argumento ou prova.

Vai me amando todo dia, um dia mais, um outro menos
talvez ser ter razão,  vai me amando feito o vento
Aleatóriamente amando, vai me amando de repente
desse jeito algum dia vais querer me amar pra sempre.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pé de amor.

A M O R A,

A M O R

    M O R A

        O R A!

A  M  O - A.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Você bem sabe.


Você bem sabe que agora o sofrer
é causa do teu próprio olhar
que entre os beijos de amor que te dei
achou inexplicável mal
mas sorria e siga cantado
porque o lamento que te faz padecer
não faz eu te amar de novo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Canto



Uma melodia feita pra curar meu desencanto canto
E o versos sobre as linhas feitos de medo, vinho e pranto canto.
Pra não morrer de esperar vou cantar pra não lembrar você.
e nas ruas teu olhar vai sumindo devagar pois canto.

Vou deixar a porta aberta mais eu não vou te esperar
Vou reinventar o riso, já cansei de suspirar
Pois compus mil melodias sem poesia pra cantar.

Moça, esse meu canto vai ficar tão frio
Sem o calor do teu riso,
Sem essa brisa suave do teu lindo olhar
Esse meu canto vai ficar tão frio
Sem o calor do teu riso
sem essa brisa suave moça.

Quase isso

Eu acho que a gente tem tudo que precisa pra ser feliz

Eu acho que tendo teu sorriso nunca mais paro de sorrir

Eu acho acho que te dando meu sonho e uma rede pra balançar

É fácil que com mais alguns beijos nunca mais queira levantar … eu acho...


mas é certo que, talvez, pode ser... não que eu saiba te dizer

mas é certeza, eu acho, que é fato essa tristeza sem você

no vão das horas que passei pra encontrar o teu olhar

tinha me esquecido com é bom se apaixonar


Eu acho que quase posso estar bem certo disso

teu laço foi que me fez pular no precipício

talvez, eu possa afirmar ou pense nisso

que eu declaro que te amo ou quase isso

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Teu poema

Quero cuspir um poema feio

uns versos sem forma, sem cheiro

que me deixe com gosto de sangue

recitado fugindo entre os dentes

sem rima, sem graça, sem cor

sem falar de paixão recolhida

ou amor puro correspondido.

Qualquer coisa que cause um assombro,

seja um tapa, um tiro, um responso

desse pejo que tenho da vida

que se segue em padrão programado

sem sabor, sem frescor, novidade

mergulhada numa regra fácil

sem pensar, sem amar, muito pálida

suja, doente, hipócrita, triste.

Quero fazer um poema intragável

sifilítico, anêmico, mediocre

com uns três clichês repetidos

emorragicamente nocivo

um poema de métrica torta

pixado no muro do hospício

delével, efêmero, perecível

O qual só comparo com a vida

que é inerte, indolente, insolúvel

escrava em dodecassílabos

sem saber declamar um soneto.

Vida que páera aérea sobre o limbo

demente,vaga, burra, apática

de qualquer motivo alienado

sem saber do amor nem amar.

Quero cuspir um poema feio

raso, magro, careca, surdo

burro, rezando um rosário banguela...

Quero fazer um poema absurdo,

um poema igual a essa tua vidinha.

Nem sempre acontece.


Pois bem, se é pra contar
foi como levar a pedrada que nem madalena mereceu.
Tombei, era de se esperar...
também nesse mundo não há quem não se desespere por você.
Eu sei que o destino é um louco,
mas sou tão moço pra saber o que e viver
e talvez, se eu me entrego aos poucos,
ainda sobre o corpo que ao final vou te ceder...
mas, não tenho pressa não
a qualquer hora vou estar na tua
e cedo ou tarde você vai saber me amar...
Tenho a fé do avião
que sobre o inconstante ar flutua
com a fortaleza de uma bolha de sabão.
Enfim, não sei ser casual
desculpa, mas é tão difícil beijar-te uma vez sem derreter
Talvez seja esse meu mal
querer essa coisa bonita, esperta e tão louca só pra mim
Sinto que esse amor é um lucro
tão absurdo que nem há onde guardar,
mas, talvez, em sussuros no escuro
a gente ache um gosto que nem veio procurar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Soneto bonito

Cheguei ao tempo de viver sem crer na vida

e de encarar qualquer a paixão como cicuta

e tornar a minha alegria em diminuta

em força da dor maior bem mais sofrida


doeu a ausência do amor da alma querida,

pois sei que amar o amor em mim é coisa inata

de sorte que quando alguma flor desata

minha alma desintegra oferecida


mas, em virtude de viver mil desventuras,

de deixar-me desmanchar em tais agruras

cicatrizei-me de sangrar essa ferida.


se teu sorriso não tivesse essa candura

e teu olhar não me abraçasse com ternura

eu viveria só, demasiado só, bonita.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Denovo

Céu azul maltrata asfalto,

bafo faz da lama pedra,

sol alumia o mormaço,

embaça vista em vaga e preta,

tua imagem encandeou

e minha vista escureceu...

...denovo...

Vácuo some cheio d'agua,

o ar que é quente escorre frio,

e uma luz clareia espaço

que outra luz deixou vazio

e o suor me lava em sal

na luz fecunda desse mal...


... denovo …


e a paixão me fez queimar

faltou-me o ar pra respirar

o inferno da tua ausência em mim

me fez clamar pra não sofrer.


Agora eu tento enxergar

embora a luz esteja em par

com as trevas de tentar amar...

…denovo...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Água


Todo lixo, lama, lágrima, lamúria

corre para o mar

Toda água, chuva, angústia, enxurrada

corre para o mar

Todo salgado e doce, feio e bonito

corre para o mar

Tudo que é infame ou justo, novo ou podre

corre para o mar

O rio, o mangue, a poça, o esgoto

corre para mar

A flor, o ouro, o pejo, a bosta

Nada fica... nada.

Nada finca.

O mar engole tudo e tudo nada, tudo há de nadar.

O ócio, ópio odioso...

o que se esconde, o que não.

O medo, o frio, a saudade

tudo afoga, bóia, molha, submerge

tudo que se toca e que se sente

Tudo corre para o mar e correrá

até o dia que deixar de ser

e tudo ser o oco de uma nota soando

em baixo d'água...

e tudo vai ser mar

e o mar tudo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Alma


Meu Pai, eu vou tentar fazer meu coração não chorar tanto assim
talvez quando eu gritar ao mundo inteiro que o meu amor secou

então vou encontar a tal insenssatez
a tal loucura que min'alma tanto quer
pra poder me afogar...

num mar de paixão e de doçura
e levar-me a desaguar minha armadura..
somente então eu vou sentir o sal das lágrimas de dor
por arrancar a farpas deste pobre ser
que o amor machucou...