terça-feira, 18 de março de 2008

Problemas

A imprensa prensa a presa que fica presa ao preço do progresso do pobre e primário protótipo da prioritária probidade humana...
Enquanto os prepotentes príncipes como porcos putrefatos proliferam podres preceitos sobre o proletariado pobre...
Prolixos, produzem pobreza provinda da prosa de precária precisão permeando profecias prognosticas profligáveis e prostitutas.

Dedinho

Malvada rosa que feriu o meu dedinho
E me deixou inteiramente encabulado,
Eu já sarei o meu dedinho machucado.
Hoje eu venho devolver-te teu espinho.

O meu dedinho hoje é mais crescidinho,
Aprendeu que certas rosas são malvadas.
Destas rosas, que não sabem ser amadas
hoje o dedinho fita só o burburinho.

Quem sabe um dia alguma flor imaculada
Se entregará ao meu dedinho apaixonada
Apagando a cicatriz do meu passado.

E meu dedinho beijará as suas pétalas
Como quem já encontrou a rara pérola
De estar livre e escolher ser seu escravo.

Quereres

Quereres


Quer me queira quer, quer não queira,
Eu não vou calar meu canto,
Não vou esconder meus versos,
Caso eu queira... Cantarei.
Se quiseres que eu queira
Alguma coisa que se queira
Por não ter o que queria...
Queira então que eu te esqueça.
(não que eu queira).
Se mal me queres sem pesar,
e se tu queres que eu queira
o que estás a me ofertar
vá tomar no coração
a flecha de um anjo doido,
Um elixir para o peito tolo,
Que faz do amor um simples jogo,
Onde agente as vezes perde,
Ainda que ganhar se queira.
Que eu não te queira mais,
E que tu nunca me queira
(não que eu queira)
Mas queiramos por findar
Algo mais que não querer
Uma dor de vida inteira.
Que se queira por querer
Alguma coisa que se queira
Por querer o que se quer
Ainda que nada se queira.

Dona aranha

A aranha tece a teia cautelosamente
E os caminhos se formando indiscretamente
Os dedos se encontrando intuitivamente
O amor se construindo num labor demente

A aranha tece a teia sem pensar na hora
Sem saber o que acontece depois do agora
Só tecendo o prazer de sujeitar-se outrora
A coser linhas de vidas que, confusa, enrola.

A aranha tece a vida em fios entrelaçados
Juntando meus pedaços com os teus pedaços
Formando a rede densa cheia de embaraços
Aprisionando pobres diminutos desastrados

Um dia a dona aranha ao fitar um reboliço
Verá dois inocentes cruelmente inofensivos
E deglutirá sem pena, sem nenhum sobreaviso
Os dois desavisados que brincaram com o perigo.

Soneto da bifurcação

Não pense que eu te amo tanto assim
Não vá fazendo nada sem pensar
Não ache que eu vou me importar.
Não faça tanto escândalo por mim

Um dia eu fui criança, não mais sou,
Não ponha mais mordaças no meu canto,
Eu sempre encontrarei um “entretanto”.
Já sei mais ou menos pra onde vou,

Agora é tarde demais pra me seguir
E eu quero apressar o passo, prosseguir...
E ainda que comigo queira ir...

Não faço mais questão de ser seu guia,
Seguirei a estrada solitária e fria.
Desculpe-me, não vou mais por ai.