Todo lixo, lama, lágrima, lamúria
corre para o mar
Toda água, chuva, angústia, enxurrada
corre para o mar
Todo salgado e doce, feio e bonito
corre para o mar
Tudo que é infame ou justo, novo ou podre
corre para o mar
O rio, o mangue, a poça, o esgoto
corre para mar
A flor, o ouro, o pejo, a bosta
Nada fica... nada.
Nada finca.
O mar engole tudo e tudo nada, tudo há de nadar.
O ócio, ópio odioso...
o que se esconde, o que não.
O medo, o frio, a saudade
tudo afoga, bóia, molha, submerge
tudo que se toca e que se sente
Tudo corre para o mar e correrá
até o dia que deixar de ser
e tudo ser o oco de uma nota soando
em baixo d'água...
e tudo vai ser mar
e o mar tudo.
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