domingo, 18 de maio de 2008

Resolvido


Dessa vez não quero dor.
Se não der certo eu desisto
Vou virar monge no Tibet
Viver de arroz e chá de flor.

Eu largo mão dessas farsas
Ou qualquer coisa que faça
Teus olhos olharem os meus
e enchê-los da tua graça.

E se Careca, sereno, aluado
alguém me encontrar certo dia
Buscando encontrar o nirvana
Do teu cabelo ondulado

Digam que eu endoidei
Tentei ser amante e não deu
Tentei ser poeta e não deu
Peguei minha lógica e dei.

Não inventem explicações
Não se desculpem por mim
Não resisti e morri
Matando a brava corrosão

Da alma tola e entregue
À alma dela, alma turva,
Perigoso pântano turvo
Em que imerso fui breve.

E acabando a palhaçada
Com o bucho cheio de amido
Chuto a bunda do cupido
E ao garçom peço cachaça!


terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu quero um daqueles



Eu quero um amor daqueles de filme...
Daqueles que lançam fantasia sobre a tela
E que derramam sonho sobre as poltronas
Daqueles que nos fazem cócegas no peito
E nos deixam sem escolher a próxima palavra

Eu quero um amor daqueles...
Daqueles que surgem como as flores azuis
E sublimam em perfume no ar
Invadindo a lógica, lançando longe a matemática,
Enfeitando os vestidos e as camisas de botão...

Eu quero um amor daqueles...
Daqueles dos quais falam os poetas
Daqueles por quem sofrem os amantes
Daqueles de paixão tão exagerada
Que escorre pelos cantos da alma

Eu quero um amor de aquarela
De cores manchando a imaculada chatice
Dos céticos indecentemente secos
Que borre os cânones das conversas de boteco
e inunde de luz os magistrados

Um amor verde, laranja, rosa e verde
Azul, lilás, amarelo, vermelho e verde
Até preto e verde e verde mas nunca branco.
Só não sujarei de branco esse sonho de amor
indefinidamente colorido, leve, longo e verde

Eu quero um amor de luzes e sons
De cores escandalosas e texturas íntimas
Daqueles quem só se vêem em filmes
Que nos deixam presos na poltrona a saborear
Lágrimas insistentes e doces caindo sobre o sorriso tímido