domingo, 28 de setembro de 2008

Paz, ternura, delicadeza.


Eu te amo com a paz de uma alma descuidada
que por crer no teu olhar se entregou acorrentada
sem pensar no que seria de minh'alma envergonhada
ao compor a melodia por teus olhos afinada.

e te amo com ternura de um amigo enciumado
que finge não se importar quando te terá ao lado
sorvendo a falta de algo que nem pode ser falado
pois se manifesta ao som do que se decifra calado

te amo com a delicadeza de uma flor em teus cabelos
um diminuto ornamento que se perde em teus anseios
mas esperou por longo tempo abandonar campos cheios
de outras ervas daninhas escondidas em seus medos.

Te amo em paz, ternura e delicadeza.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Remarcação do espaço cárdiogeografico



Sempre me disseram: cara, tu tens um coração grande! E eu até acreditei por certo tempo. Cheguei a pensar que esse meu coração fosse uma zona fraterna onde qualquer um pudesse pedir refúgio. Concebi que meu coração era maior que esse mundo, pois no mundo não cabe todo mundo... Falta espaço no mundo! Mas no meu coração não faltava espaço e sempre haveria uma vaga pra mais um xodó, mais um amigo, mais um amado inquilino da minha cordialidade. Em um delírio mais que insano imaginei sete bilhões de casinhas minúsculas instaladas no meu peito com ruas e avenidas na mais perfeita ordem. O mundo seria melhor se todos resolvessem morar no meu coração.

Estou sentindo que ele é bem menor do que eu imaginava...

Meus sonhos estão espremidos no coração, minha ternura se espalhou por não conseguir se acomodar, minhas antigas dúvidas foram morar longe, e minhas dores sequer mandaram cartão de visitas. Cheguei sozinho à conclusão que existem coisas maiores do que o mundo e ainda maiores que meu coração, coisas que dilataram o pobrezinho e ainda o fizeram transbordar...

Várias coisas que são bem maiores do que eu imaginava...

Sinceramente não pensei que alguém pudesse ocupar tanto espaço. Começou com uma casinha e logo inaugurou a famosa rua da saudade. Nem pisquei e já tinha construído praças onde o coração festejava a presença da nobre cidadã. Não usou diplomacia, dominou. A criatura espaçosa foi se espalhando no ar como uma música boa. Ocupou tudo. Só tenho uma coisa a dizer aos que enalteciam o tamanho do meu coração: meu coração já foi grande, mas agora só cabe Ela.