quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ódio









Eu vou tomar o meu café amargo
pra me lembrar daquela criatura
que me alimenta um sentimento largo
de desengano que não se atura

e se encontrar aquele condenado
ao ódio meu que no calor apura
eu miro o rosto e dou-lhe supapo
que nem a virgem mãe de Deus segura

De beber cólera me ponho ébrio
talvez a ingrata solidão me cure
e me afaste desse ponto néscio
onde ninguém pode achar-se impune

e se a raiva permanece atada
desmantelando esse sujeito puro
enfio faca no umbigo do ego
e se o ódio não morrer eu cego

O gosto é de sangue pisado
O olho de brilho encarnado
Um punho cerrado mira um Zé.

Ardor de dedo cortado
em prata de escapulário
e o ódio escorrendo pela fé.



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