quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Teu beija flor, minha flor.






Voei sobre as flores da encosta
cá pras bandas do mar
Beijei tantos ventres vazios
néctar feito em ar
Não sei se o brilho das corolas
me quiseram levar
a guardar tanto pólem perdido
longe do meu lugar

De tanto vaguear sem ter amor
o brilho de minhas asas estancou,
mas não vou mais voar com dissabor
pois agora eu sou teu beija flor, minha flor.

Em mim quando as águas dos rios
vêm mergulhar no mar
meu ar interroga o destino:
Por que fez-me seu par?
Quero mais viajar a nascente do rio
pra poder encontrar
e beijar essa flor tão distante
cá das bandas do mar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Flor





Olha que a moça ta tão diferente
nasceu espinho nessa flor.
Qual foi a água que regou?

Olha como a raiz torceu o galho
e a pétala mudou de cor.
Qual foi a praga que rogou?

Tudo que eu queria era cuidar
tratar das pétalas do teu jasmim
e em ti poder me eternizar
fazer do teu colo meu jardim
pra te fazer florir.

Não sei se é ressaca ou orvalho
que deixa o meu rosto encharcado,
mas sei que a chuva veio morar dentro dos meus olhos

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Estrela do mar

Nunca mais eu vi um sorriso tão lindo
desde o entardecer em que os raios de sol
que forjavam espadas de luz
reluziam nas águas do mar
só pra poder brilhar em você,
voz da minha poesia.

Se eu puder contar com o que tenho nos sonhos,
vou poder voar como os raio de sol
e num instante me entrego a você
como a lua se deita na praia
Se a água é tão longe do céu,
me explica a estrela do mar?

Meu amor, eu nem sei se uma estrela do mar te agradaria
Mas eu sei que eu daria a minha vida
só pra poder te ter de uma vez
pra poder te amar.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Aos mendigos, aos cheira cola, aos renegados, as prostitutas baratas.
Aos depressivos, aos ladrões, aos abandonados, aos idiotas.
Aos encarcerados, soro positivos, aos viciados, aos miseráveis.
Aos que passam fome, aos que não sabem ler, aos que não amam.
Aos impostores, aos políticos, aos mesquinhos, aos mentirosos.
Aos humilhados, reprimidos, incompreendidos, desafortunados.
Aos escrotos, aos arrogantes, aos estúpidos, aos ridículos.
Aos maltrapilhos, aos sujos, aos que catam lixo, aos indigentes.
Aos que sofrem e aos que fazem sofrer.
Aos frustrados e aos que destroem sonhos.
Aos que inventaram, aos que compraram, e principalmente
aos que mataram o papai Noel.

Feliz Natal.

  

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que tu precisas.



Bonita, o que tu precisa é de um cheiro meu
e o cheiro do meu cobertor enrolado no teu,
meus dedos fazendo carinho pra te ver dormir
e dessas poesias que fiz só pra te ver sorrir.
Das minhas canções de ninar,
do meu jeito de esquecer a hora
se estou junto a ti,
do meu universo teu
e que teu amor seja meu, Bonita.
Eu sei que em todos os dias
precisas de alguém pra falar
das dores e doces da vida,
teus assuntos um por um...
precisas vir conversar
com o peito mais apaixonado
do nordeste ao sul.
Quero te dar mil beijos com gosto flor
sem te negar que isso talvez seja amor.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ódio









Eu vou tomar o meu café amargo
pra me lembrar daquela criatura
que me alimenta um sentimento largo
de desengano que não se atura

e se encontrar aquele condenado
ao ódio meu que no calor apura
eu miro o rosto e dou-lhe supapo
que nem a virgem mãe de Deus segura

De beber cólera me ponho ébrio
talvez a ingrata solidão me cure
e me afaste desse ponto néscio
onde ninguém pode achar-se impune

e se a raiva permanece atada
desmantelando esse sujeito puro
enfio faca no umbigo do ego
e se o ódio não morrer eu cego

O gosto é de sangue pisado
O olho de brilho encarnado
Um punho cerrado mira um Zé.

Ardor de dedo cortado
em prata de escapulário
e o ódio escorrendo pela fé.



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O corpo.




Meu corpo é um templo pagão onde mora um paraíso
com curvas secretas e setas que indicam alguns riscos
que em luxuriosa meiguice exibe seu lado narciso
e numa preguiça ofídia tem um lânguido sorriso

O cobre um veludo escuro como o mistério noturno
o ventre contorce agudo em seus espasmos soturnos
as mãos procuram as texturas mais proibidas do outro
e o colo procura o encaixe no feixe de um tímido gozo

O sangue é rubro e quente como o sêmem do vulcão
e desemboca em veias que o leva ao coração
que pulsa involuntário dominado por paixão
e sempre mente se responde – Me amas? - Não.